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Administrando dentro do tempo

Como escrevi no artigo anterior, ao tentarmos administrar o tempo,  estamos nos reduzindo para nos adaptarmos a ele, ou seja, estamos priorizando atividades (em detrimento de outras), concentrando-nos no que nos parece essencial (sacrificando o acessório), dando prioridade a alguma atividade (desconsiderando outras).

Obviamente, devemos ter um senso de autogerenciamento quando lidamos com temas que, por consenso e por determinação legal ou de trabalho precisam ser concluídos em determinado prazo. Ainda assim, ao nos dedicarmos a tais atividades prioritárias estamos nos reduzindo. Reduzindo nossas escolhas, nossas opções.

Não estou aqui defendendo o caos, a inação. Apenas quero trazer à reflexão a questão do tempo, como colocada por algumas organizações com fins lucrativos aos seus colaboradores. A necessária busca de produtividade e redução de custos vem trazendo uma carga emocional negativa à força de trabalho, em todos os graus hierárquicos. Essa carga, sobretudo, se concentra nos executivos que não estão sujeitos a controles de horário de trabalho, por ocuparem cargos de confiança e de comando nas empresas.

Com esse grupo, dada a pressão constante por resultados, ocorre um fenômeno evidente para quem o observa de longe: a robotização.

Condicionados a darem o máximo por longas horas de trabalho, os executivos acabam por perder o senso de equilíbrio de sua própria vida. De tanto elegerem prioridades para os negócios, estes se transformam em prioridade. O mecanismo de condicionamento mental é flagrante: moldamos um hábito e, por fim, o hábito nos molda.

Mas, o “non sense” não se limita a isso. O condicionamento de um indivíduo no grupo é algo que se expande rapidamente. A competição pelo poder distorce a percepção do que realmente importa na vida e, rapidamente, outros se engajam na corrida desenfreada pelo controle do tempo para a empresa, para suas prioridades, esquecendo-se também de outros componentes essenciais ao bom viver.  Pior, quem não se submete ao condicionamento é visto como alguém não comprometido, não preocupado com os destinos do negócio, um estranho no ninho.

O constrangimento imposto pelo grupo, temos observado, acaba por determinar a saída de um profissional idôneo, equilibrado, cônscio e cumpridor de seus deveres, com resultados superiores, mas, por não estar condicionado ao irracional, não aceitar a “normose”, não é visto como confiável, ou parte do “time”.

Quantos  talentos e  oportunidades têm perdido algumas organizações, por deixar que os executivos e empregados se reduzam inadequadamente dentro do tempo? Quanta criatividade tem sido desconsiderada por conta de tal fenômeno?  Quantos profissionais brilhantes se desencantam do mundo corporativo por não poderem ter uma vida equilibrada?

Mas é somente isso que perdem as organizações? Certamente, não!

Ao permitir, incentivar, ou até mesmo obrigar discretamente ou abertamente tal dedicação exclusiva, as organizações, em pouco tempo, contam com um grupo dedicado, mas ineficaz. Às vezes eficiente, mas sem arrojos; processualista, mecânico, sem criatividade e inovação.

Com o passar do tempo, o condicionamento acaba por desequilibrar de tal forma os profissionais, que suas decisões passam a ser duvidosas. A falta de equilíbrio na vida faz com que a área de concentração seja vista por lentes distorcidas, irreais e, por conseqüência, as decisões tomadas em vista do engano, são também equivocadas.

Não é preciso dizer quão descartáveis são os ocupantes de “cargos de confiança” quando não mais transmitem confiança à organização. Muitos deles, ao deixarem suas organizações, não têm mais a estrutura familiar ou os amigos que os apoiavam, por conta do desequilíbrio a que se submeteram.

Grande parte das ferramentas para bem administrar-se dentro do tempo cronológico, somente são positivas quando se tem a concepção exata do que significa o tempo em cada uma das faces da vida: trabalho, família, relacionamentos, lazer, saúde, espiritualidade.

Uma boa maneira, pouco utilizada por recrutadores, para se saber o quão equilibrado é um candidato é a que explora suas diversas atividades, como as faz, com que qualidade se dedica a elas. Um candidato que preencha os requisitos do cargo, com valores bem definidos e afins aos da organização, com estruturas bem consolidadas nos âmbitos familiar, espiritual (quer tenha credo ou não), relacional, social, certamente será eficiente e eficaz para os objetivos do negócio.

Quando lidamos com o tempo, no sentido de Kronos, precisamos ser equilibrados. Dedicação compartilhada desse nosso companheiro de jornada é a chave para uma vida mental saudável, decisões acertadas e relacionamentos duradouros, quer com a família, quer com a nossa profissão, quer com amigos ou com nossa própria existência.