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Kairos: A Oportunidade é Calva

“Correndo muito rapidamente, equilibrando-se no fio da navalha, calvo, com um tufo de cabelo na fronte, ele não veste roupas; se você agarrá-lo pela fronte, é possível segurá-lo, mas uma vez que ele tenha se movido, nem mesmo Júpiter (Zeus) pode fazê-lo voltar: este é o símbolo do Tempo (Kairos, Oportunidade), o breve momento no qual as coisas são possíveis”.

Uma das referências a Kairos, como oportunidade, vem da arte da arquearia. Um dos desafios do arqueiro era o de lançar sua flecha por dentro de um tubo, a fim de alcançar o alvo além da sua extensão. Para ser exitoso, o arqueiro não somente deveria ser preciso na direção, mas estender a corda de seu arco na medida certa, sem a qual a flecha não ultrapassaria o tubo.

Os gregos nos trouxeram um conceito de qualidade agregado ao de Kairos. Embora Kairos também signifique tempo, ele traz em si o conceito da oportunidade e da ação precisa, sem falhas, para que a ocasião seja aproveitada.

Kairos também traz em si a concepção de crise, pois nela é possível vislumbrar, num momento certo, a oportunidade que pode desfazê-la, tal como a solução que um problema apresenta.

Como transpor aos nossos dias tal conceito? Como, envolvidos em tantas atividades, com tanta informação, com tantos compromissos, podemos vislumbrar a oportunidade que se apresenta?

Em primeiro lugar, com que olhar devemos buscar a oportunidade?

Estarmos disponíveis ao momento nos faz ter contato com o que se apresenta. A relação contínua de nossa mente com o passado e com o futuro leva-nos a perder a única janela em que a oportunidade pode ocorrer: o agora, o presente.

A oportunidade pode se apresentar para que aprendamos algo novo, para que conheçamos alguém que pode influenciar nossa vida, para que uma palavra nossa seja lançada com a precisão requerida do arqueiro e tenha o alcance certo para mudar para melhor um rumo de vida, de um negócio, de uma relação.

E como podemos nos preparar para termos esse olhar?

Treinando como o arqueiro. Não se pode conceber que alguém, que pela primeira vez empunhe um arco, seja capaz de, repetidas vezes, ser certeiro em velocidade e direção da flecha. Ser excelente na pontaria exige treino constante, dedicação.

Assim é com respeito às oportunidades que nos são apresentadas no dia-a-dia.  Sem treinarmos a nossa percepção para o momento presente, constantemente, não seremos capazes de agarrá-las de frente. Ao passarem, já não mais podemos segurá-las. Quantas oportunidades de sermos gentis deixamos para trás? Quantas oportunidades de oferecermos uma palavra de consolo, de apoio, de incentivo negamos pela ausência mental no presente? Quantas ofertas generosas não desprezamos, por estarmos no sonho de um futuro ou no pesadelo de um passado?

Oportunidades se apresentam sempre.  E as melhores oportunidades que surgem em nossa vida são as que nos impulsionam para revelarmos o melhor de nós. Assim como o conceito de Kairos traz em si o de qualidade do momento e da ação, a oportunidade é efetivamente oportunidade para sermos melhores, em todos os sentidos. Pois, como seres humanos, temos inúmeras facetas. Um brilhante somente é considerado primoroso, quando o lapidador dedicou-se com idêntica qualidade à lapidação de suas faces.

Estarmos atentos ao outro, com completa dedicação, é uma forma de olhar a oportunidade de frente e ter condições de agarrá-la. Agir adequadamente, conforme o momento requer, é a segunda parte de aproveitar as oportunidades.

Para observar adequadamente e agir precisamente é preciso treinar, como o arqueiro o faz. Bem treinados, somos capazes de agarrar as oportunidades de frente, lembrando o que um ditado latino nos ensina: “Rem tibi quam scieris aptam dimittere noli: fronte capillata, post haec occasio calva”. A tradução livre nos indica: “Não deixe o que você considera bom para você escapar; a ocasião tem cabelos na fronte, mas por trás é calva.”